Assim como diversos povos, os italianos têm o costume de se deslocar com a chegada do verão. No caso da família Laviani, o destino é Foussais-Payré, no interior da vizinha França. Lá, eles aproveitam para relaxar e se desligar das comodidades do mundo moderno. Em qualquer ponto dos mais de 80 mil m² do seu terreno, o celular pega mal e a internet é inconstante. Mesmo dentro de casa a tecnologia não se apresenta em toda a sua volúpia costumeira: na televisão, há apenas cinco canais disponíveis. “Quando você se acostuma, passa a sentar na poltrona com um livro na mão”, diz Ferruccio Laviani, o mais ilustre membro da família, badaladíssimo designer que é.
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Eis a rusticidade dos verões dos Laviani. O resto da história não é, assim, tão modesto. Ela começa com a frase: Era uma vez um castelo.
Em 1999, Giusepe e Giacomina Laviani investiram o equivalente a 500 mil dólares na compra de um castelo pouco preservado. Não se tratava, porém, da realização de um sonho megalomaníaco. Giusepe e Giacomina não tinham um desejo reprimido de sentirem-se parte da realeza. A verdade é que, na época, foi mais econômico comprar e reformar a antiga construção do século 17, no Vale do Loire, do que arrematar um imóvel novo na Côte d’Azur. Isso, claro, tendo em vista que seu filho, Ferruccio, era arquiteto.
Os telhados das torres haviam desabado e a estrutura estava comprometida em vários pontos devido à infiltração da água da chuva. Além disso, os sistemas secundários, elétricos, hidráulicos e de aquecimento, eram obsoletos e inoperantes. Para executar o restauro, trouxeram carpinteiros, eletricistas e pintores da Itália. Nesta fase foram investidos mais 500 mil dólares.
Terminadas as obras, faltava decorar. A ideia era promover uma mistura saudável e bela do antigo e do novo. “Optar por um estilo muito rígido e marcado seria falso”, explica Ferruccio. Assim, apareceram ali móveis antigos vindos da própria França e da Itália, bem como alguns sofás e cadeiras de design mais recente. Entre as peças, há algumas valiosas, como o tapete Savonnerie, do século 18, que fica na sala de estar. Outros itens são verdadeiros achados, oriundos de mercados de pulgas.
Normalmente, a morada de 835 m² abriga oito pessoas. São eles: Giuseppe, 82, e Giacomina, 77; seus filhos, Ferruccio, 52 e Clara, 56; o esposo de Clara, Antonio, 57, e suas filhas, Marta, 30, e Giulia, 23; e Anita, 4, a primeira bisneta do casal ancião. Todos convivem em seu castelo de um modo bastante informal, apesar do requinte da construção. Eles juram que a regra ali é manter a mente leve e os pés descalços.