DECOR CLÁSSICO CULTIVA MEMÓRIAS DE FAMÍLIA
Fonte:CASA VOGUE
Todo arquiteto e designer de interiores que se preza afirma que sempre trabalha ?pensando no cliente?. Desta vez, parece que o cliente pensou bastante em si próprio para escolher o escritório capaz de dar conta do desafio de fazer uma casa nova, porém, mantendo tudo ? ou quase tudo ? de seu antigo apartamento. “Esse foi o espírito da decoração”, revela o arquiteto William Simonato, que, com o decorador Luiz Bick, executou de maneira excelente a tarefa recebida dos proprietários. Estes saíram do famoso edifício paulistano Golden Gate, no Jardim Europa, para se instalar em uma das melhores coberturas de São Paulo. Os moradores são um casal de mais idade, instalado agora em um apartamento de 1.400 m² distribuídos em dois andares avarandados e com vista espetacular do Jockey Club de São Paulo.
O décor segue o mais puro estilo clássico, luxuoso e imponente, com guarnições trabalhadas, rodapés altos, moldura de teto e boiserie nas paredes. O primeiro andar da cobertura, reservado à área social, exibe obras importantes, como quadros de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) e Aldo Bonadei (1906-1974), além de um suntuoso lustre Baccarat do século 19. É o destaque da sala de jantar, junto ao aparador, cuja base são peanhas barrocas de uma igreja do Rio de Janeiro do século 18, adquiridas em um antiquário paulistano.
O mesmo ocorreu com a tela abstrata da artista Yolanda Mohalyi (1909-1978): fisgada de uma ala íntima da morada original, está agora no nobre hall de entrada da cobertura.
Além do bege, a cor verde, em diferentes nuances, percorre o apartamento, como o céladon visto nas paredes de ambos os livings, o verde envelhecido que domina a sala de jantar (tanto as paredes quanto os tecidos que revestem as cadeiras francesas) e tons mais vivos em estampas que alegram a sala de almoço.
Os profissionais, que desenharam a planta da cobertura durante a construção do edifício, dedicaram o segundo andar exclusivamente ao tempo livre, transformando-o em área relax. A ambientação clássica permaneceu, como atesta, entre outras peças do mobiliário, a delicada papeleira francesa do século 19. Porém, o amplo espaço, cujo pé-direito é de aproximadamente 3,90 m, é muito mais informal. Com os verdes e beges, entrou o vinho, uma cor que a dona da casa gosta.
Também a seu pedido, o arquiteto afirma que criou um clima de casa de campo. Ali, ela e o marido recebem filhos, netos e amigos na piscina e na cozinha gourmet e oferecem sessões de sauna ou cinema.
O apartamento dos empregados, com sala, cozinha, uma suíte, dois quartos, um banheiro e área de serviço, também está nesse último pavimento. Um elevador privativo circula entre o 21º e o 22º andares, onde fica a cobertura. A ligação ainda pode ser feita por meio da magistral escada de quase 30 degraus, com corrimão desenhado por Simonato.
Tudo é gradiloquente nesta residência. Menos um detalhe: os bibelôs da dona da casa. Nem um pouco preocupada em seguir tendências de decoração, segundo conta o arquiteto, ela não abre mão daquilo que está ligado às memórias. Isso inclui não apenas cadeiras francesas e cômodas alemãs, mas também porta-retratos, souvenirs de viagem e pequenos objetos, como esculturas de uma girafa, um gatinho e uma coruja. Estes estão devidamente reunidos na área mais apropriada, onde se guardam e se descobrem histórias: a biblioteca. (BELL KRANZ)
* Matéria publicada em Casa Vogue #315
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