Uma propriedade de 1.200 m² com um jardim de oliveiras, carvalhos e limoeiros, no topo de um arranha-céu no coração de Manchester: esse é o lar do arquiteto Ian Simpson. O proprietário desse sonho foi também quem projetou o edifício, que se destaca no skyline da cidade graças a sua altura – é uma das torres mais altas da Europa.
Finalizada em 2007, a Beetham Tower reúne apartamentos, um hotel, restaurantes, um salão de festas, um fitness center e áreas de serviço. O exterior é um monolito revestido com uma pele de cristal claro que mistura solidez e transparência para realçar sua silhueta ascendente.
Nascido em Manchester, Simpson foi aluno de Norman Foster e, em 1987, fundou, com Rachel Haugh, o estúdio Simpson Associates, com escritórios nessa cidade e em Londres. Ele também é professor na Manchester University School of Architecture – e um dos poucos arquitetos que vive na própria arquitetura.
Em novembro de 2008, ele comprou os dois andares superiores da torre, 47º e 48º. Desde então, vive com sua mulher, Jo Farrell, no grande loft de dois pisos, que tem um terço da área usada como estufa. Igualmente generosa, a ala de estar divide-se em cozinha, duas salas de jantar (uma delas reservada à família), um living para convidados e um living privado.
O andar de cima reúne os dormitórios, uma sala de estudos e um spa com solário. As paredes envidraçadas oferecem uma vista espetacular da cidade, em 360 graus – nos dias claros, pode-se enxergar a uma distância de 60 km. Todos os ambientes recebem a luz do sol e são conectados por áreas com pé-direito duplo. O dormitório principal é banhado pela claridade da manhã e a sala de estar acolhe o sol da tarde. Misto de jardim e pomar, a área verde é voltada para o sul e, assim, tem incidência solar constante. O verdadeiro elemento desta casa é a luz.
Boa parte dos móveis e peças de arte foi adquirida há muito tempo. Há 25 anos, o arquiteto frequenta galerias e leilões – Bonhams e Christie’s para comprar móveis e Sotheby’s para obras de arte. Mas a atmosfera desse lugar foi definida pelos itens de design escandinavo, adquiridos em Copenhague, na Bredgade, uma das ruas mais luxuosas da capital dinamarquesa. Ali, nas lojas de design Klassik, DMK, Dalagaard, Ole of Design e Antik, Ian e sua mulher Jo encontraram não apenas exemplos locais de meados do século 20, mas também tapetes, vidros, arte africana e luminárias. Há ainda obras-primas de design criadas por Eero Saarinen e o casal Eames e outras feitas na Itália, como um sofá de Antonio Citterio.
Solucionar a transição entre a estufa e a área de estar foi uma das partes mais prazerosas do projeto. O piso foi elevado para o plantio de oliveiras de quase 2 m de diâmetro e para deixar espaço para se caminhar pelo local. Com cerca de 300 anos, essas plantas vieram da Toscana e dão um ar mediterrâneo a toda a casa. Há também dois carvalhos e quatro limoeiros. Todas as árvores foram plantadas antes do acabamento da cobertura do edifício e agora somente poderão ser retiradas com um helicóptero.
A prioridade do arquiteto foi criar uma sensação de intimidade, mesmo em um ambiente tão grande, e dividir os diversos espaços somente por meio do visual, sem o uso de paredes. Objetos, espaço, luz, cores, tecidos e materiais contribuem para criar um lar mais do que agradável e exuberante: de arrancar suspiros.
* Matéria publicada em Casa Vogue #334 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)
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