Quando o arquiteto Luciano Dalla Marta conheceu seus clientes, não precisou de muito para entender o que queriam. Tratava-se de um jovem casal sem filhos, que escolheu viver em um apartamento de 350 m² em frente ao Parque Ibirapuera, em São Paulo. Só isso já lhe dava a medida da personalidade e do gosto do par. Além, é claro, da arquitetura majestosa do imóvel, ainda que atual.
Assim, Dalla Marta lançou-se à prancheta, tendo em mente dois pedidos feitos por eles: nada de modismos e um projeto sinceramente contemporâneo. A primeira mudança que fez foi em relação às divisões internas da morada. O arquiteto, sem medo, integrou completamente a área social, antes formada por diversas salas e saletas. A intenção era ressaltar a altura, o pé-direito duplo. Além disso, a mudança era conceitual: sobrepunha a convivência à privacidade.
Num segundo momento, Dalla Marta optou por fechar com vidro as varandas da ala social, voltando-as para as salas. A ideia foi remover paredes e caixilhos que se interpusessem entre os moradores e o Parque Ibirapuera. O pulmão de São Paulo deveria ser uma visão constante de dentro do apartamento. As novas janelas altas receberam cortinas alvas que atuam na proteção dos acabamentos e do mobiliário quando o sol penetra sem pedir licença morada adentro.
O esquema de cores selecionado para este lar é bastante simples: a maioria dos revestimentos e tecidos assumiram tons de cinza e preto. Há, porém, salpicos de vivacidade – em especial tons fúcsia e berinjela, que são os prediletos da esposa. O design também aparece em doses estratégicas. Uma peça a ser destacada é a luminária Crown Major, de Jehs & Laub, para Nemo, que paira sobre a mesa de centro na sala de estar. Ali, o tapete de seda cinza da Botteh dá unidade ao conjunto.
Outro ponto da morada que recebeu tratamento especial foi a entrada. As portas foram incorporadas a um painel de laca preta com alto brilho. Logo que o visitante entra, ele se depara com outras portas, desta vez de pau ferro. Elas escondem a sala de jantar. Se deixadas abertas, quem entra no apartamento terá como visão primeira a mesa de jantar, ao seu final, um arranjo verde interno e, atrás dessa mata artificial o verde do parque, janela afora. O arquiteto colocou logo na linha de frente aquilo de melhor que o lar tem a oferecer: a paisagem.
À direita deste pequeno jardim interno fica a maior parede livre da casa. Lá estão expostas quatro belas fotografias que chegam a ocupar quase todo o pé-direito duplo. As obras podem ser admiradas de perto, quando se está sentado à mesa de jantar, ou de longe, da sala de estar, da sala de lareira ou do bar – que conta com adega de vinhos. Espaço para movimentação, que garante diferentes ângulos de percepção dos quadros e do próprio décor, não falta. A ala social deste apartamento soma 130 m².
Na parte íntima a morada conta apenas com dois dormitórios: o do casal tem 30 m² e o de visitas, 16 m². Campo de sobra para esticar as pernas e admirar a vista e, por que não, a própria casa.
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