sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

História do mobiliário - parte 3 Baús


Os 1ºs móveis europeus

a mobília forte e simples da Idade Média, foi transformada durante a Renascença, em peças mais trabalhadas, que eram extremamente decorativas quando para o uso doméstico

Após a queda do Império Romano no séc V d.C., muitas técnicas e materiais luxuosos usados na mobília do mundo antigo desapareceram. Entre os séc X e XV, no entanto, os móveis recuperaram lentamente sua importância.
Os móveis nesse período eram escassos, mesmo nas famílias  importantes.Limitavam-se a satisfazer as necessidades básicas de comer, dormir, sentar ,armazenar e, em menor medida, numa época de alfabetização muito limitada, de ler e escrever.Mas eles tiveram de fato a função adicional de expressar a posição social ou status no interior da casa, principalmente usando tecidos suntuosos.Nessa época, o carvalho era  madeira mais usada.A Espanha e a Itália também tinham grandes reservas de nogueira, cipreste e pereira, e as coníferas abundavam nas regiões alpinas.A decoração com entalhes baseava-se em motivos arquitetônicos, primeiro o românico com seus arcos arredondados de inspiração clássica e depois, nos séc. XIV e XV , o gótico, com seus arcos pontiagudos e rendilhados.




Baús
Entre os primeiros móveis europeus, o tipo de que resta o maior número de peças, é de longe, o baú de vários tamanhos, provavelmente pela solidez de sua construção.Os baús eram imensamente úteis, não só  para guardar e proteger objetos valiosos, como também para assentos, mesas e até camas.
O tipo mais antigo era feito de um tranco de árvore escavado (trunk), com tiras de ferro para aumentar sua solidez.No séc.XIII, eram um pouco mais refinados: tábuas cortadas ou serradas no sentido do comprimento do tronco, articuladas e unidas em forma de caixa com pregos de metal ou pinos de carvalho.Tornavam-se seguros pelo apliques de ferro- muitas vezes decorados com arabescos - e pelas fechaduras e cadeados.Na segunda metade do séc XV desenvolveram -se armações emolduradas: tampos mais leves eram assentados nos encaixes de uma estrutura com junção de macho e fêmea.






 Italian Baroque Style Carved Pedestal
Todas as casa da Idade Média eram  frias e úmidas, independentemente da posição social do ocupante, e a mobília precisava estar a cima do nível do chão para evitar o apodrecimento.Por isso, a partir do séc XII, os baús tinham torniquetes ( escoras verticais ) que se projetavam para baixo e serviam de pernas.A decoração em geral era feita com entalhe de lascas finas, técnica simples que empregava goiva e cinzel para escavar arcadas românicas em relevo ao longo da parte frontal.
No período gótico, o entalhe, assim como a arquitetura tornou-se mais elaborado, e as superfícies frontais eram entalhadas com arcos pontiagudos e rendilhados; às vezes traziam até pequenos "botaréus" -
elemento de reforço de uma estrutura de sustentação
2.ARQUITETURA contraforte de reforço para sustentação de arcos ou paredes
3. pilastra de reforço, adossada, ou arcobotante
4.peça que ampara ou sustém outraescora -
, fixados aos torniquetes com pinos de madeira.
Nos prósperos Países Baixos, com seu comércio florescente de lã e tecidos, e casas de mercadores bem mobiliadas , os entalhes tornaram-se particularmente requintados.Muitos inventários ingleses do séc XV falam de " baús de Flandres" feitos nos Países Baixos, que costumavam ser entalhados com uma representação estilizada de tecidos dobrados.Os chamados baús Tilting, fabricados na França e na Inglaterra no séc XIV e início do séc XV, eram entalhados em relevo com figuras de  cavaleiros em armaduras lutando em torneios.
Na Itália, os baús simples não eram usados para guardar coisas, como também colocados em pares em volta do estrado da cama.Certas regiões da Itália primaram pela produção de baús, de casamento como objetos de muito status, pintados com os brasões das duas famílias e cenas de amor palacianas.Oficinas especializadas floresceram; uma das mais conhecidas foi a de Apollonio de Giovanni, em Florença.Os painéis da frente eram pintados com têmpera, mesma técnica usada nos retábulos contemporâneos.Mostravam cenas apropriadamente românticas, como o encontro de Salomão com a rainha de Sabá, colocados muitas vezes num ambiente estruturado que refletia o interesse renascentista pela perspectiva.
As paredes das grandes salas dos palácios italianos costumavam ser decorados com grandes painéis pintados de moda a imitar tapeçarias caras.Uma pintura decorativa dessas foi nos desci de parto ( bandejas comemorativas do nascimento de crianças numa família ).Outra forma importante de decoração que evoluiu na Itália, da época e que ainda era usada em painéis de guarda-louças e baús, era a intarsia ( incrustação ) .O desenho era escavado num arcabouço de madeira ( em geral nogueira ), depois recheado com madeira de cores diferentes: pereiras, teixo ou oliveiras.Os  desenhos eram pictóricos e frequentemente demonstravam  habilidade em representar a perspectiva. 




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