quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

História do mobiliário- parte 2 móveis estofados, tapeçaria e dosséis


Móveis estofados e a tapeçaria

Dois fios, o do status e o do conforto, teceram sua influência por toda a história dos móveis.O 
status materializava-se na importância e no rigor da moda dos móveis; e certamente refletia-se com frequência em seu custo.O conforto também estava ligado ao status;os mais ricos não prestavam atenção somente às mudanças de estilo, mas também à evolução do conforto e da comodidade.
O aumento no número e nas funções específicas nas mesinhas, no séc. XVIII ( 1700 ) representou um aspecto dessa mentalidade, mas o desenvolvimento dos móveis estofados, cortinas e tapeçarias em geral é ainda mais significativo.
O papel do estofador num projeto de interior costuma ser um aspecto esquecido de sua história.Os arquitetos podem desenhar as formas dos cômodos, mas são os estofadores que tem a última palavra no efeito final. O "estofador" do séc XVIII  não se preocupava apenas com o estofamento e os dosséis, mas também com tapetes para o chão e para as paredes, com cortinas e persianas para as janelas e, em geral, era o responsável pela disposição dos móveis no cômodo.
como os tecidos são muito mais perecíveis que os móveis e, por isso mesmo, raramente sobrevivem, a ênfase dada a eles em termos dos interiores dos séc XVII,XVIII,XIX pode ser facilmente subestimada.
dossel= Armação de ornamento que encima peças de mobiliário como tronosaltares
liteiras ou camas. = CAPELO

                                                                             Sobrecéubaldaquino.

Os dosséis custavam invariavelmente muito mais que a armação das camas; as cadeiras e poltronas muitas vezes eram feitas de modo a destacar seus enfeites; e as somas despendidas em cortinas, tapetes para o chão e tecidos para cobrir as paredes excederam, em muitos casos, as com trabalho em madeira.No séc XVIII a própria palavra furniture ( mobília ) era usada na Inglaterra tanto para as cortinas e estofados quanto para os móveis.Essa supremacia do estofador em relação aos outros artesãos do ramo dos móveis acentuou-se muitas vezes pelo contato direto com o cliente.Na verdade a superioridade evidente do estofador foi motivo de constantes atritos com os arquitetos, que sentiam ameaçado seu controle sobre o projeto total.


Durante o período medieval, o uso de cortinas, almofadas e belas tapeçarias de parede era muito difundido entre a nobreza européia amante do status e do conforto, mas as cadeiras estofadas, com o enchimento e os tecidos fixados as suas armações, só começaram a ser usadas no séc XVI  e só tiveram ampla aceitação a partir do séc. XVII.

A típica cadeira de anquinhas( com ensambladura e estofada ) desse período o encosto estofado, da mesma forma que o assento, forrado de couro, de tecidos imitando tapetes e de bordados persas, e com outros ornamentos em forma de franjas ou tachas com cabeça de latão ou bronze.





Cadeiras mais luxuosas que a cadeira de anquinhas logo foram concebidas:
cadeiras de braço de espaldar alto ( com projeções laterais semelhantes a asas), alguns com ajuste reclináveis;sofás com almofadas encaixadas e braços estofados em crina de cavalo; e cadeiras (com simples braços de madeira ou sem braços ) com assentos estofados e espaldares da mesma altura que as costas e cabeça dos ocupantes.Até as cadeiras de assento de palhinha do início do séc XVIII em geral tornaram-se mais confortáveis com coxins com basteamento e preso por fitas.
A partir de meados do séc XVIII, na Inglaterra, o basteamento foi usado para manter no lugar o assento liso e de extremidades quadradas das cadeiras estofadas.Nessa época, as cadeiras francesas diferiam por ter assentos estofados abobadados e foi somente depois de 1780, quando o período neoclássico já estava bem avançado, que os franceses em geral adotaram formas mais quadradas de estofamento para combinar com o estilo linear neoclássico.
Para enfeitar as bordas das cadeiras enfeitadas, as franjas cederam lugar aos galões,muitas vezes feitos em casa pelas damas da família; mas a forma mais comum de fazer o acabamento das cadeiras na segunda metade do séc XVIII era com tachas decorativas de bronze ou latão.Punham-se capas de algodão folgadas em cima dos móveis estofados para proteger os materiais preciosos da luz do sol e da poeira quando uma sala não estava oficialmente em uso em ocasiões especiais.Essa atenção à conservação possibilitou a sobrevivência de um grande número de conjuntos importantes de móveis estofados.
no séc. XIX ( 1800 ), o estofamento se tornou mais luxuosamente espesso, e os pespontos  grossos na cadeiras e sofás foram substituídos frequentemente por botões, que seguravam o enchimento de crina de cavalo com mais firmeza.O estofamento atingiu o auge de conforto, se não da elegância, com os botões afundados da década de 1840, época que também as molas de fio de metal começaram a ser amplamente usadas.A crapaud francesa (cadeira em forma de cogumelo ) e o sofá inglês Chesterfield  exemplificaram a técnica do estofamento em que não fica visível nenhum vestígio da armação do assento.








A essa altura , o estofador do séc XVIII transformara-se em decorador de interiores, agora responsável não só pelo fornecimento e coordenação dos móveis e da decoração, como também pelo planejamento e desenhos dos conjuntos.
No séc. XIX, a decoração de interiores estava interessada tanto pelos móveis antigos como pelos novos.








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